segunda-feira, 4 de maio de 2015

‘Mister K’ nega envolvimento com Jussila

O músico angolano Mister K (ex-Kalibrados) em entrevista a "O PAÍS", nega qualquer envolvimento amoroso com Jussila, uma das supostas integrantes do grupo conotado de desencadear cenas exacerbadas de agressões contra a jovem Nikilauda Galiano, “Neth”, porquanto, foi-lhe introduzido gindungo nos órgãos genitais, bem com, teve a sua intimidade exposta nas redes sociais
No passado dia 13 de Abril do ano em curso, a sociedade angolana foi surpreendida com a publicação de um vídeo contendo diversas agressões físicas, verbais, psicológicas contra à jovem que dizem atender pelo nome de Nikilauda Galiano, “Neth” de 17 anos.
As imagens rapidamente se alastraram pelas redes sociais tornando o facto mediático, elevando deste modo os ânimos das pessoas que tiveram acesso ao mesmo conteúdo.
Entretanto, nos bairros, nas escolas, táxis, ou nos órgãos de comunicação social, o assunto dominava os debates. A insensibilidade do grupo constituído pelas 9 jovens, (as agressoras são acusadas de ser responsáveis pelo macabro acto de violência) que culminou com introdução de de gindungo nos órgãos genitais da jovem então desprovida de defesa.
A iniciativa da propalada agressão, segundo este jornal constatou foi movida pelo facto das mesmas defenderem que a “Neth”, a jovem agredida, terá seduzido o senhor em causa, Miguel Catraio, que por sinal, mantinha uma relação extraconjugal com Jussila.
Curiosamente esta mesma Jussila possuía uma relação de amizade descrita como sendo de longa data em que prevaleciam informações confidentes.
Para mais esclarecimentos O PAÍS contactou a família da vítima, Nikilauda Galiano “ Neth” para apurar os factos, porém por iniciativa da mesma, optou por não se pronunciar no momento alegando falta de condições psicológicas e a necessidade de privacidade.
Com o mesmo propósito procuramos contactar familiares de uma das agressoras, Jussila, pelo que não fomos bem-sucedidos.
Apenas amizade
O músico angolano Joaquim Martins, de nome artístico “ Mister K”, conotado por possuir uma relação amorosa com Jussila e viajarem juntos para Windhoek, para usufruírem de alguma intimidade, em depoimentos a O PAÍS garantiu que a sua relação com Jussila, resume-se a uma amizade, baseada no respeito.
Segundo o rapper, a afinidade entre ambos teve início em Luanda, há três meses. Mister K enfatizou que dirigiu-se à Windhoek para atender a compromissos profissionais e na ocasião encontrou-se com Jussila que levara o filho para ser submetido a tratamento.
Segundo explicou, o pequeno tem alguns cravos no rosto, e a sua progenitora tomaram conhecimento que naquele país poderiam ser retirados via laser.
Na oportunidade, o artista fez saber que há uma semana, Jussila permanecia naquela cidade acompanhada da sua irmã e Nikilauda Galiano, “ Neth”.
“Elas se aperceberam que também estava na Namíbia e entraram em contacto comigo. Tivemos a oportunidade de estarmos juntos num shopping, e também no dia do evento”, aclarou. Tendo ainda acrescentando que além destas duas ocasiões não mantiveram outro contacto.
Ao tecer comentários sobre a presumível denúncia efectuada por Neth à Miguel Catraio, na qual afirmava ter constatado o seu envolvimento com Jussila, o artista garantiu que houve uma má interpretação.
“ Eu e a Jussila nos tratamos de uma forma carinhosa, o que levou a pensar deste modo”, justificou.
O nosso entrevistado destacou que por possuir também uma boa amizade com a Neth, a mesma poderia esclarecer qualquer dúvida que tivesse a tal respeito.
Jussila sustentava Neth
Nesta senda, o artista afirmou que tomou conhecimento das cenas de agressão através das redes sociais, e considera que Jussila cometeu alguns excessos em virtude do comportamento da Neth que muito estimava.
Disse ainda que a sociedade está a incriminar a Jussila e a reprovar a atitude da Neth, pois desconhecem que Jussila a sustentava.
“ A Neth morava na casa da Jussila, usufruía de viagens financiadas também por ela”, revelou.
Acrescentando que perante estes factos, a jovem Neth não deveria seduzir o marido da amiga que a ajudou quando mais carecia.
O cantor salientou ainda que Jussila entendeu o comportamento de Neth como falta de consideração, desrespeito e traição, o que lhe motivou a reagir de um modo desequilibrado.
“Infelizmente regista-se o término de uma amizade longínqua entre duas amigas, a Jussila está arrependida e a sociedade deve entender que todo ser Humano carece de perdão”, justificou.
Mister K enfatizou ainda que estes acontecimentos não afectam a sua carreira, pois que está consciente de ter qualquer envolvimento nas acções, alegando que o crime não é transmissível”.
Prosseguiu dizendo que na sua concecpção, o grupo das jovens agressoras deve ser responsabilizado em função das suas acções.
Questionado se acompanhava a carreira artista de Jussila, que dava os seus primeiros passos no universo da música, com o nome artístico de “Jussi D´Luke”, o interlocutor afirma que não conhecera a sua faceta artística.
Entretanto, o artista alega ter conhecimento de que Jussila gravou algumas músicas e vídeoclipes.
Jussila: segunda mulher
Entretanto, uma fonte ligada à Jussila avançou a O PAÍS que a mesma mantinha o relacionamento com Miguel Catraio desde 2007, período em que dançava numa casa nocturna na Mutamba, a par da vida académica que desenvolvia no Makarenco.
Segundo explicou, a família da acusada sabia desta relação, porquanto, ambos têm um filho de dois anos e Miguel Catraio fez o “pedido” conforme os costumes locais.
Disse ainda que em Janeiro de 2012, a acusada recebeu um restaurante, nas “BES 3”, como presente de aniversário, uma casa no Kilamba e usufruía de outras regalias.
Ao fazer referência ao vídeo de pornografia que Jussila enviou para a legítima esposa de Miguel Catraio, a nossa entrevistada destacou que teve a oportunidade de o visualizar antes de ser remetido e que a sua atitude foi reprovada pelo amante.
Questionada se Jussila também mantinha um relacionamento com “Mister K”, a fonte alegou que a mesma, só lhe passara a informação de que apenas trocaram beijos.
A nossa entrevistada fez saber que Nikilauda Vieiras Dias Galiano, “Neth” era amiga de Jussila há dois anos, e frequentava a residência da mesma, sobretudo aos fins- de-semana.
Silêncio no “Confidente”
A equipa de reportagem do PAÍS deslocou-se até ao suposto Hotel Confidente, palco das cenas difundidas nas redes sociais, uma vez que em local algum no exterior daquele edifício, foi possível visualizar uma placa que o identifique como tal.
O edifício de três andares em tons de marfim destaca-se entre as pequenas casas, na rua esburacada na rua Costa do sol, no Cassenda.
De acordo com o preçário, exposto na parede, as diárias da classe “ A” são cobradas ao preço de 28 mil Kwanzas, as da classe “B” por 23 mil kwanzas enquanto as da categoria “C” no valor de 22 mil kwanzas.
Destacando que as duas primeiras permitem ao cliente que se beneficie do estacionamento privativo, ou seja, tenha acesso directo ao quarto, sem que necessariamente passe pela recepção.
Após contactarmos sucessivamente “Mário” um dos representantes daquela unidade comercial, para junto deste confirmarmos se um dos seus funcionários foi subornado a fim de facilitar a entrada do grupo das jovens, ou até mesmo não interferir mediante o barulho, alegou indisponibilidade.
“ Combinamos para as 12 horas mas, tive de sair, se eu não tenho disponibilidade para lhe atender não tenho como”, alegou.
Uma funcionária que falou sob o anonimato, em declarações a O PAÍS, afirmou que já trabalha naquela instituição há 10 anos, no entanto, não tinha conhecimento algum acerca dos factos visto que se encontrava de férias e regressou ao posto de trabalho há menos de uma semana.
Questionada se as suas colegas não a informaram do episódio registado num dos quartos do edifício afirmou em tom sorridente“ não sei de nada, não me contaram nada”.
‘É necessário actualizar o ordenamento jurídico’
caso “Neth”O presidente da Associação Mãos Livres, Salvador Freire, em declarações a O PAÍS, disse que o acto praticado pelo grupo de 9 jovens envolvem vários crimes, porquanto as imagens difundidas demonstram agressões físicas, verbais, tortura, violação do direito ao bom nome, à imagem tal como a privacidade, salvaguardados no artigo 32 da Constituição angolana.
Segundo explicou existem diversas formas de tortura, no entanto é necessário que as mesmas estejam tipificadas no ordenamento jurídico angolano, a fim de que para cada uma delas, seja atribuída uma pena.
Na concepção do jurista, se não existir uma conformação do ordenamento jurídico, os indivíduos que praticam tais acções sofrerão penas leves, visto que “a sociedade angolana regista uma dinâmica e a lei como tal não a acompanha”.
Convidado a tecer comentários sobre como se desenvolverá o processo, Salvador Freire salientou que ao momento o mesmo encontra-se sob segredo de Justiça, e ainda não existe nenhuma acusação pronunciada pelo Ministério Público aos supostos participantes do crime. Destacando que o Procurador-Geral da República, João Maria de Sousa, já proferiu que o organismo que gere procede a investigação do crime hediondo que atenta contra a vida e a dignidade da pessoa humana e nenhum dos intervenientes ficará impune. Prosseguiu explicando que, este organismo recolhe provas para depois intimar os arguidos junto ao tribunal, a fim de saberem do que estão a ser acusados, pois que, enquanto o processo não transite em julgado são considerados como inocentes.
“De momento estão detidos os cidadãos, de quem existam indícios fortes da sua participação”, esclareceu.
Ao fazer referência a Miguel Catraio, o nosso entrevistado enfatizou que apesar do seu status social, uma vez comprovada a sua participação directa ou indirecta nos actos de violência cometidos contra Nikilauda Galiano, de 17 anos, ser-lhe-ão atribuídas responsabilidades de acordo com os crimes. Solidário com a cidadã, Nikilauda Galiano, “Neth”, Salvador Freire garantiu que a associação que dirige, se disponibiliza em colocar de forma gratuita, uma equipa de advogados para defender a honra e a dignidade da mesma. “Os familiares desta jovem podem contar com esta organização, estamos interessados em colaborar para que os mentores deste crime sejam julgados de acordo com as suas acções”.
Por sua vez, a presidente da Associação Justiça Paz e Democracia AJPD, Lúcia da Silveira fez saber que a par dos factos, no dia 17 de Abril do ano em curso, o organismo de Mulheres Angolanas Unidas pelo Fim da violência contra a Mulher, emitiu à PGR, uma Nota de Repúdio.
Disse ainda que a acção praticada pelas jovens agressoras, demonstra a falta de sensibilidade em relação das mulheres para com as outras, tal como a depreciação dos valores defendidos na “Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos”.
“Porquê que a jovem que sentiu-se traída não resolveu o impasse com quem lhe era mais próxima, neste caso, o suposto esposo, tendo de imediato agredido a mulher, por ser mais frágil ou por desejar preservar a sua relação”, questionou.
Lúcia da Silveira apontou para a necessidade de que o Estado promova um debate público sobre o tema a fim de se identificar o problema, pois que o mesmo não deve ser avaliado de forma superficial porque envolve outros factores. Concluindo que a AJPD defende a inserção das disciplinas de Direitos Humanos em todos os ciclos do sistema de ensino nacional, para que as crianças desde pequenas tomem conhecimento sobre os valores fundamentais na convivência social.
Fonte: Platinaline

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